segunda-feira, 12 de março de 2012

A Serra tem mais...



As pessoas me perguntam por que eu tenho tanta raiva da Serra. Não é raiva, apenas não concordo com a forma que as coisas acontecem por lá. Seja por um engarrafamento de quase 1 hora para vencer 2 km por causa de um semáforo de pedestres no meio da BR 101 – e é claro sem um guarda pra orientar o trânsito, por um crescimento desordenado de moradias sem infraestrutura para comportar ou por diversos outros motivos, como esse que aqui comunico.

Recentemente minha irmã me enviou uma reportagem do jornal Gazeta Online (que pode ser vista aqui) onde informa a aprovação de uma lei municipal em que as igrejas tiveram seu limite de perturbação aumentado para 85 decibéis durante o dia e 80 à noite, além de insentá-las da fiscalização pelo disque-silêncio nos finais de semana e feriados – como se esse órgão funcionasse por lá. Só para ajudar a dar ideia na dimensão do som: o show do U2 realizado para 70 mil pessoas registra 87 decibéis na portaria do estádio, cerca de 130 na saída dos alto-falantes.

O motivo para tanto barulho é simples, conforme descrito pelo vereador João Luiz Teixeira Corrêa – PDT, mesmo partido do prefeito Sérgio Vidigal – as igrejas tem feito um importante trabalho na redução da criminalidade e que “não tem verba necessária para efetivar a acústica necessária nos templos”. Não têm dinheiro ou gastaram tudo comprando amplificadores e caixas de som?

Serviços à parte – até porque a Serra é o município com pior taxa de homicídio do Brasil, segundo dados 2012 – vamos concentrar no barulho: paredes de alvenaria seguram em média 30 decibéis e, desde que a igreja ou templo não seja uma tenda armada, acredito que elas são usadas na maioria. Somados isso aos 85 produzidos do lado de fora, temos um incrível volume de 115 decibéis, volume suficiente para causar perda de audição e de reconhecimento da fala, nervosismo, ansiedade, dores de cabeça e uma série de outros malefícios.

Por que a solução adotada não foi reduzir o barulho dentro dos templos? Segundo informações da Unesp, acima de 55 decibéis o poder de concentração é prejudicado, então nem os fiéis estariam prestando tanta atenção assim como deveria e, acima de 70, o organismo já está sujeito a stress degenerativo e os riscos de enfarte e outras doenças aumentam.

Ou será que após a redução pelo TJES dos salários dos vereadores de R$ 7.430,40 para R$ 5.700,00 não justificam mais uma pesquisa no Google para entender os limites físicos do ser humano?

Referências:
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/02/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1126469-barulho-se-vier-de-igrejas-na-serra-pode.html
http://www.bauru.unesp.br/curso_cipa/4_doencas_do_trabalho/4_ruido.htm
http://www.fonoesaude.org/limites.htm
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2011/08/tribunal-de-justica-do-es-reduz-salario-de-vereadores-da-serra.html