sábado, 12 de dezembro de 2009

Castelhanos: um pedaço do paraíso espírito santense


Castelhanos é a última praia antes do centro de Anchieta, mar calmo, águas claras e limpas, com pouco movimento de pessoas e natureza ainda exuberante. O bairro é pequeno e praticamente inabitado. Existem algumas casas e poucos prédios baixos, geralmente de veraneiro. Alguns barzinhos e restaurantes na beira da praia e meia dúzia de quiosques completam esse lugar maravilhoso.

Como chegar?

Distante cerca de 80kms de Vitória, acesso 100% de asfalto (exceto na beira da praia, porém qualquer carro/moto acessa de forma fácil). Basta pegar a rodovia do sol e antes de descer para Anchieta, entrar no trevo à esquerda.
Vale a pena viajar devagar após Meaipe, à cada curva a estrada mostra alguma beleza natural escondida.

O que fazer?

Durante o dia é praia, não tem muito como ser diferente. Uma caminhada pela areia mostra novidades a cada curva. Vale a pena um passeio pelo Santuário de Anchieta, não só pela sua história mas pela vista maravilhosa lá de cima (no final da cidade de Anchieta, sentido Iriri, virar à direita).
À noite existem barzinhos na beira da praia para quem quer tomar umas cervejinhas e bater um bom papo. O centro de anchieta fica perto (cerca de 4kms), com algumas opções de lanchonetes e restaurantes. Quando não há festas na cidade, é só ir cedo para a pousada.

Onde ficar?

Normalmente fico na Pousada da Tina, que fica já na praia de Guanabara. Uma pousada simples, cerca de 15 quartos, com piscina, sauna (sauna na praia?!?!?!?!) e de frente pra praia. É largar as coisas no quarto, atravessar a rua e tchibum. Diárias na faixa de R$ 80,00 (casal)

Pousada da Tina:
www.pousadadatina.com.br
vasconcellostina@hotmail.com
(28) 8115-8547



Fotos:
1 – Vista de Anchieta
2 a 6 – Praia de Guanabara e Anchieta (infelizmente ventou um bucado no dia da foto)
7 – Santuário de Anchieta
8 – Uma das surpresas do caminho

Mais informações e fotos: http://www.anchieta.es.gov.br

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Meu amigo, o Zeca


Que o José Carlos é um ser totalmente ao inverso do dito “padrão felino” (anti-social, independente e traiçoeiro – embora eu associe isso mais à educação), todo mundo já sabe, porém às vezes até eu fico de cara com as coisas q ele faz.

Hoje desci para limpar e cobrir as motos e aproveitei para levá-lo para comer um pouco de mato, afinal de contas é salutar para o bixo e ainda o distrai um pouco. Mas heis que, de repente ouço “vovó, posso brincar com o gatinho?”. É a netinha da mulher que mora aqui em baixo, “Ana Beatriz”, uns quatro aninhos e é do tipo de criança que faz vc ter vontade de ter uma...

Bom, enquanto mexia na moto, tava lá a criança, no melhor estilo “Felícia” atrás do gato, puxa pra cá, empurra pra lá, corre atrás e o bixo tá que mia, mas não faz nada, nem sair correndo de perto. Ajudá-lo, eu? Por que? Afinal ele não adora que lhe dêem atenção? Hehehehehe

De repente a avó leva a criança pra cima e ela volta com o velocípede e começa a correr atrás do Zeca pela garagem, no melhor estilo Tom & Jerry, mas neste caso o gato era a caça e uma criança alucinada a caçadora, falando “vem cá gatinho, meu melhor amigo”. Huahuahauha, “melhor amigo” foi boa.

Depois de muito desespero, o gato some e ninguém mais acha, até que desce a vizinha de frente e “o nosso amigo tá miando na sua porta, querendo entrar”. “Nosso amigo”? Desde quando? Ai ai, só pq ele ia pela janela da cozinha até o ap dela, deitava e dormia no sofá ela acha q o José é amigo... aff.

Desde então o bixo tá largado em um canto da casa, meio q refletindo sobre a real necessidade da existência social, nem no colo veio mais...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cada um que me aparece...

Ontem estava voltando do trabalho por volta das 19hs quando ao passar por uma mulher na rua reparo que ela estava conversando comigo e num papo animado, sem reparar que eu estava de capacete e andando de moto.

Pois bem, resolvi voltar e ver o que estava acontecendo, vai ver que estava perdida naquele bairro enoooooorme que moro (mas não sei pq, sempre tem um que se perde naquela meia dúzia de ruas), quando olhei pra trás ela ainda estava conversando comigo, eu a uns 300m de distância...

- Tenho aula às 19:10h em - não sei aonde, esqueci - e to atrasada e ônibus aqui só daqui a meia hora, bla bla bla, tem como você me dar uma carona até o ponto aqui perto para eu pegar outro ônibus que não o Bairro República, bla bla bla (muitos "blas"), tenho problema de coluna e não posso andar até lá - e mais uma série interminável de blás...

Era impressão minha ou ela não tinha reparado que eu não a conhecia, estava de moto, com uma mochila nas costas e sem outro capacete? Mas vamos lá, eu com essa minha necessidade incrível de me socializar, vou fazer uma caridade, quem sabe ela não caia, batia a cabeça e melhorava de vez?! Bom, deixei perto do ponto e me preparava pra voltar e lá foi ela:

- Ah, como é seu nome? O meu é fulana - não tenho menor idéia do nome, nessa hora já estava pensando se virava e ia embora ou se a atropelava. Com o que você trabalha? Ah, vc deve ser um desses Harckers de computador...

Pausa: tenho cara de comedor de pizza, bebedor de coca-cola e de não conseguir sair com mulheres para ficar o dia inteiro dentro de casa na frente do computador procurando brecha de segurança? Tá bom, continuando (aliás, ela não parou em nenhum momento...):

- Me passa seu telefone, pq às vezes tenho problema no computador e não sei para quem ligar (pq será?!), como quando coloco um CD no computador, abre o Media Player (nossa, pelo menos ela sabe o nome) e o negócio fica girando, girando (olha, que coisa!) e não sai som.

Pausa 2: eu fiz 4 anos de faculdade, 2 de pós-graduação, 1 ano para tirar certificação SAP (que foi mais difícil que o MBA), trabalho 8, 10, 12 horas pro dia para vir alguém vir e me chamar de técnico?! Afff, vai catar coquinho né...

- Ah, não trabalho com isso (falo eu na maior tranquilidade possível), tem uma empresa perto da rotatória, pq vc não os procura?

- Ah, bla bla bla (sinceramente estava exausto, não conseguia acompanhar o rítimo da conversa mais...).
Virei a moto e by by, espero não a ver de novo.

sábado, 10 de outubro de 2009

Finalmente milzinho!


Como diria o Cazé: ae, ae ae! Finalmente a Kaya completou seus primeiros mil kilômetros rodados. E não é pra menos eu estar feliz com o feito: apesar de ter que desembolsar R$ 96,00 reaus por uma simples troca de óleo e filtro, agora ela passou da fase de amaciamento e poderei rodar tranquilo (pelo menos até os 5000kms).

E outra, dessa vez poderei passar dos 160km/h! Ok, não podia antes também, mas nada como aumentar um pouco as folgas dos pistões né?! >:)

Muitas emoções nesses primeiros 1k kms, como a viagem para Domingos Martins, as idas para guarapa onde quase perdi minha bolsa (escapuliu e ficou presa na seta, mas só fui reparar quase lá no pedágio...) e até a primeira derrubada do carona (malz ae polaco, mas falei pra segurar... hauhauahuahauahu).

Vida longa à drag e que novas viagens venham (e logo, por favor...).

domingo, 16 de agosto de 2009

.. and the road becomes my bride

Ae, finalmente fiz minha primeira viagem com a Kaya! Ok ok, fazem umas 3 semanas e nem foi para tão longe assim, mas com a abstinência internética e com a correria do projeto, não deu pra postar antes.

Domingo, dia 26 fomos o Deivit (o outro cabra aí da foto) e eu para Domingos Martins, afinal de contas, agente queria estreiar nossas motos na estrada e ele estava morrendo de saudades da esposa (aham), que estava por aqueles cantos. Pois bem, saímos por volta das 11 horas rumo à serra e a adrenalina em alta, moto nova, sem as manhas ainda e lá fumo nóize.

A moto se comportou muito bem na estrada, com curvas abertas, diferente do "dobra esquina" daqui da cidade, fomos variando entre 80 e 100km/h, deixando todos os carros pra trás com uma facilidade enorme. Bastava torcer o braço e ir embora. O único susto foi em uma das últimas curvas, na qual entrei belezinha mas no meio dela tinha remendos (mal feitos, claro) e a moto escapou a frente, pulando para a contra mão... ainda bem que não vinha carro :D

Chegando em DM, lá vem o Deivit recuperando o tempo perdido e "Vc tá indo pra onde?". Ué, a idéia num era Domingos Martins? "Sandriani está em Santa Isabel, uns 5kms pra trás caaaaaaaara". Segundo ele, tentou chegar perto, buzinou, piscou farol, mas sempre q se aproximava, eu acelerava e ia embora. Ou, em suas palavras: "acelerava e vuuuuuuaaaaaaaaaauuuuuuuuu no melhor estilo motoboy vida loka".

A volta foi mais tranquila, saimos antes do pôr-do-sol (lembrando que a moto tem apenas um farol) e era hora de cortar o trânsito infernal que assolava a serra. Nunca tinha visto a estrada daquele jeito, tinham trechos em que os carros estavam simplesmente parados. Chegamos em Vitória no anoitecer e ah, que saudades da estrada.

Fico devendo uma foto descente da "viagem", pois a máquina estava sem bateria (cabeça oca eu...) e a foto tirada pelo celular ficou terrível, ainda mais com macumba de fundo...

Que venha a próxima!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sunomono


Sunomono é uma salada japonesa de pepino e kani, com um tempero muito saboroso à base de vinagre de arroz e molho shoyo. Uma vez que tem um sabor suave e não enche muito a barriga, vai bem para entrada de qualquer tipo de comida, desde comida japonesa, massas e carnes, além de acompanhar outras saladas.

O pepino japonês provê um gosto mais suave que o pepino comum, sem aquele gosto forte tradicional e sem se fazer lembrar o resto do dia a sua ingestão. O vinagre de arroz, por sua vez, fornece o azedo do vinagre tradicional, mas sem tanta acidez, sendo mais agradável ao paladar. Só avise sua empregada que ele é mais caro e não deve ser usado para lavar as mãos após a fachina da casa...

Ingredientes

  • Pepino japonês
  • Kani kama
  • Vinagre de arroz
  • Shoyo
  • Água
  • Gergelim (opcional)
Todos ingredientes são facilmente encontrados nos supermercados da vida, o pepino japonês que pode não estar na banca "normal", mas sendo facilmente encontrado nos legumes “embalados”. O kani é o tradicional kani de carangueijo, normalmente compro o “Bom Peixe” (olha o jabá) por ter uma boa consistência e ser mais em conta.

O vinagre de arroz normalmente fica em uma sessão a parte, não misturado com o tradicional, enquanto o shoyo geralmente fica na parte de temperos.

Modo de preparo

O preparo é relativamente simples, bastantando misturar tudo... eeeepa, vamos com calma.

Normalmente preparo da forma mais fácil, retirando um pouco da casca (deixe um pouco do verde para dar uma consistência mais firme na pegada) e fatiando em rodelas finas. Meio pepino é o suficiente para duas pessoas.

Uma vez tendo o pepino pronto, hora de picar o kani e misturar os dois. Mensure o kani de acordo com a quantidade de pepino cortado, misture os dois em uma cuia, uma borrifada de vinagre, complete até a metade de shoyo e cubra com água. Tempere com uma colher de café rasa de sal, uma cheia de açúcar e pouvilhe um pouco de gergelim por cima.

Outra forma de preparar, mais elaborada, é cortar o pepino em tiras, como batata palitos, só que mais finas, e retirando todas as sementes. Deixe de molho em água com um pouco de sal durante 30 minutos, para que o pepino fique bem temperado. Deste modo, o normal é um pepino servir duas pessoas.

Escorra a água do pepino, corte o kani da mesma forma e tamanho e misture os dois dentro de uma cuia. Uma borrifada de vinagre, complete até a metade de molho shoyo e o restante de água gelada. Uma pitada de sal (lembre-se que o pepino já está salgado) e uma colherzinha de açúcar garantem o tempero.

Em uma frigideira pequena e com tampa, jogue um pouco de gergelim e deixe dar uma dourada (sem óleo). Jogue o gergelim por cima e está pronto.

A receita está um pouco no “instinto”, sem quantidades muito precisas, mas cozinhar é isso. Não adianta eu falar que é para usar x quantidade porque cada um tem seu paladar e os ingredientes devem ser dimensionados de acordo com o gosto de cada um. Experimente com um pouco mais de vinagre, menos shoyo, dose o sal de acordo com o prato que vai acompanhar (lembre-se, quanto mais forte for o prato que acompanha, mais forte você deve fazer a salada, e vice-versa).

sábado, 11 de julho de 2009

Momento de desintoxicação

Boa tarde pessoal, meu nome é Alexandre e sou um viciado.

A instituição para qual trabalho (faz de conta que ninguém sabe) resolveu colocar o pessoal para trabalhar: cortaram o acesso à internet. Triste, eu sei, mas a mais pura verdade. Para não dizer que cortaram todo o acesso, é possível acessar sites *.gov.br e *.jus.br. Nada de msn, nada de e-mail, nada de Twitter, nada de nada.

O primeiro dia foi assustador, aquele vazio no ar, aquela sensação de que eu tinha esquecido uma peça de roupa, ou mais precisamente um pedaço do corpo. Mas tudo bem, eu consigo vencer mais essa. Suor, calafrio e vozes do além acompanharam todo o dia e a noite foi seguida de febre e delírios.

Já no segundo dia as coisas evoluíram de forma melhor, o único problema é que na incidência de erros não havia o São Google para ajudar. Aliás, se fosse preciso traduzir uma palavra dos manuais, era necessário ligar para alguma pessoa amiga para pedir ajuda.

Mas agora até estou gostando dessa desintoxicação, estou me sentindo uma pessoa que se livrou de um estorvo, limpa por dentro. Acho que vou comprar uma barraca e viver de venda de coco na praia.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Repassando para a galera...
A banda Rockinverso é a da Juliana, namorada do André Costa.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Falta gente, sobra trabalho

Não é a primeira vez que me deparo com a situação em que falta gente para trabalhar comigo. Em pouco mais de 10 anos de trabalho (o tempo passa, o tempo voa...) só consegui indicar um amigo para um trabalho na minha área (TI). Ou falta gente interessada ou eu não tenho tantos amigos quanto deveria...


A empresa está aberta para contratar uma nova pessoa, salário bom, estrutura de apoio boa mas não há quem indicar. Todo mundo trabalhando em lugares bons (oooo coisa boa) ou enrolados demais para indicar.


Acho que a crise mundial está dentro da cabeça de cada um...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Comer comer para melhor crescer


Este foi o almoço de hoje no shopping, sob o olhar assustado das pessoas ao redor. Não sei porque, mas todo mundo me olhava como se estivessem morrendo de fome e quisessem um pouco da minha comida. Um pratinho normal, singelo e sem muitas pretensões, afinal de contas eram quase 13hs e a comida deveria agüentar na barriga até às 16hs.

Um pouco de carboidrato (arroz, feijão, macarrão e batata), um pouco de proteína (três bifes de contra-filé mal passados*), um pouco de vitamina e minerais (alface, beterraba, cenoura...), ou seja, uma refeição balanceada, própria para uma segunda-feira. Afinal de contas, o final de semana foi meio pobre em comida e perdi 1kg em 2 dias.

* mal passado segundo o cozinheiro, pq pra mim isso era passado e muito bem passado.

O show deve continuar...






No último sábado, dia 30 de maio, rolou no Ginásio Dom Bosco o show da turnê sulamericana que o Angra e o Sepultura estão fazendo e é claro que eu não poderia perder.

Desembarcamos da “Kombi do Mal” no ginásio no final do show do Mindflow (ou algo do tipo) e, já preparado para morrer em 50 contos na entrada, eis que algo mágico acontece. Um clarão ilumina todo o céu, anjos descem ao som de trombetas e misteriosamente um convite para o show é teletransportado para o meu bolso. Isso mesmo, entrada 0800, de grátis, na faixa, free...

Pulseirinha rosa no braço (fazer o quê, pelo menos tinha acesso livre ao back stage e entrei de grátis) era hora de adentrar no “templo do rock n’ roll”, conforme descrito pelo megahertz... hauahuahauahau. Que papinho mais gay.

Sem mais tardar, Angra entra em palco conforme esperado: entra o baterista abaixado, a galera grita, entram os guitarristas tocando, a galera grita, entra o baixista, a galera grita, entra o vocalista... e a galera grita. E por ironia, a primeira música tocada se chama “Nova Era”. Hora de curtir o show de verdade, fui lá pra frente da grade... Issaê, uhuuuuu, Angra tocando e eu do lado da caixa de som. Som alto. Bem alto. Muito alto. Muito alto mesmo. O vocalista reclamava que não tinha retorno do vocal. Pô, desce aqui que você vai ouvir direitinho... huahauahua, tá louco. Tocaram várias músicas, empurra daqui, puxa dalí, suor escorrendo, uma sede danada, as costas doendo por servir de cadeirinha e até que enfim o show acaba, hora de tomar uma cerva :)

Devidamente abastecido, hora de o Sepultura tocar. Entraram no palco sem cerimônias, sem firulas, apenas caminharam e começaram a tocar, e tocaram. Alto. Bem alto. Muito alto. Muito alto mesmo. Muito alto mesmo pra caralho. Se o Angra tocou no volume sete, o pessoal da D&M caprichou e colocou o volume no 10. Meu Jesuis Cristin. E tocaram rápido, muito rápido, pareciam que estavam com dor de barriga e queriam acabar logo o show. O Derek é um animal, sua voz entrava cérebro adentro como se quisesse se tornar um pesadelo, o senhor das trevas, praticamente o predador (qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência). Coitado do Andreas ao lado dele, parecia o Frodo perto de um Orc. E tocaram muitas músicas, dentre elas a maioria do que eu tocava há uns anos atrás: Chaos AD, Territory, Arise e Roots. Pirei. Aliás, parafraseando Derek: aeeeeeeeee, do caralhooooooooooooo.

Pois bem, finalizado o show, entra novamente o Megahertz e seus papos muito interessantes – para animação do Xou da Xuxa, quem sabe – e eis que, para delírio da galera, o show deve continuar sim. Entra o pessoal das duas bandas e falam no microfone “vamos fazer um Jam, não ensaiamos muito, mas vamos ver no que dá”. A galera delirou. Começaram com a Immigrant Song do Led Zeppelin, passaram para smoke on the water, Nuno destruiu nos vocais em Back in Black e finalizaram com Derek cantando Paranoid. Mas que surpresa, ele sabe cantar!

Na hora de ir embora tinha que procurar os amigos de volta. Ei você, viu um cara cabeludo de camisa preta?

Segunda pela manhã e meu ouvido ainda tá “iiiihhhhhhhhhhhh” por causa do volume do show. Fantástico! Quero minha Jackson e meu cabelo grande de volta. 

domingo, 24 de maio de 2009

A realização de um sonho...

Eis que um dia a Diana resolve fazer aniversário (filha do Deivit, baterista de uma banda que quase montamos na juventude) e acabo conversando com um amigo dele que começou a botar pilha "lá na Motomax a Dragstar está custando... " - um certo valor atrativo, ou ainda "...tem uma Shadow a venda não sei a onde por não sei quanto...", e daí  papo vai, papo vem e um pedaço do meu FGTS acabou comprometido.

A compra

Já havia visto algumas motos à venda na internet e com o FGTS no banco chegou hora de partir pra compra. Já no dia 09 de Abril (quinta-feira, véspera de feriado e dia que o dindin entrou na conta) fui ver uma moto anunciada no site www.motos.com.br mas não gostei muito do que ví. Saí de lá e resolvi dar uma passada na MotoMax para conferir o preço de uma nova, apesar das cifras passadas pela vendedora por telefone não serem nada convidativas. Bom, lá fui eu, de Hunter 100, com calça jeans surrada - usada apenas para shows de metal, tênis futebol de salão todo sujo e uma camiseta que já deveria ter virado pano de chão...

Chegando lá, fui muito bem atendido pela vendedora Patrícia - e seus maravilhosos olhos azuis - que me fez uma outra proposta bem mais baixa que a feita pelo telefone. Já havia conseguido um valor mais baixo ainda em São Paulo, mas comprar a moto de uma loja desconhecida, depender de transportadora, etc. não estava nos meus planos. Bom, fiz minha contra-proposta e como todo vendedor, ela pediu um tempo para falar com "o gerente" e voltou dizendo: "te entrego em 15 dias, só tem vermelha". Droga, queria uma preta. Papelada preenchida mas ainda tive que ouvir um "vou fazer logo o pedido, ou você prefere aguardar até segunda?" - depois que eu fizesse a transferência do sinal... <_<

Bom, aproveitei pra olhar outras motos, dentre elas a nova MT-03 que realmente é muito bonita ao vivo e eis que, pra minha surpresa, tinha uma Drag pronta me esperando para um test drive. Ok, nem tão pronta assim, logo veio a advertência "ela não está muito boa, faz muito tempo que está parada". bom, vamos ver no que dá. 

Afogador puxado, bunda devidamente apoiada no banco e lá fui eu, batendo os pés pra tentar segurar aquele barco, ou melhor, caiaque. A sensação de virar uma moto daquelas é a mesma, e a idéia de que o chão te aguarda é constante.

Bom, alinhado na pista, hora de aproveitar, punhos pra fente, acelerar e curtir, vento no rosto e todas essas coisas que só uma custom pode oferecer, mesmo que no meio da cidade. Até que decido fazer o retorno ao lado da escola técnica e a moto simplesmente não virou... Parei no meio da curva, virei o guidão e lá fui eu terminar de fazê-la. Depois de uns minutinhos, até que deu para acostumar, curtir a viagem e sonhar com a minha chegando. O complicado foi sair dela e subir na hunter de volta, parecia que roubaram metade da moto...

Segunda lá estava eu, todo vestido de social, com o calibroso e comprovante de transferência na mão (acabara de voltar de uma entrevista de emprego) e já virei o "Sr. Alexandre". Pois bem, a partir de então era só aguardar...

Os primeiros 10kms




Ela chegou, ma-ra-vi-lho-sa, e o principal: minha, essa ninguém me tira (salvo em caso de problemas sociais...). O vermelho é mais escuro q os anteriores, puxado para um vinho, perfeito. Faixas pratas, brilhosa, linda, grande, pronta pra entrar pra família... 

Após algumas explicações do mecânico, sai eu, todo feliz, sorriso de orelha a orelha, pelas ruas de Vitória, até que, a moto morre sem mais nem menos <_<>
Tês dias se passaram, a chuva caiu, os amigos abandonaram, a viagem foi abortada e nada de andar. Bom, pelo menos é minha, tá na minha garagem e com apenas 10kms rodados...


* SAP é uma empresa que desenvolve sistemas como ERP, BI, SCM, etc. A academia leva 5 semanas com um total de cerca de 3.000 páginas de material em inglês. A certificação é válida mundialmente, são duas provas (juntas), sendo uma do próprio SAP e outra de banco de dados (no meu caso Oracle). Deve-se tirar 70% em ambas as provas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sim, valeu (muito) a pena

O início de 2009 foi meio complicado. Apesar do excelente reveilon em Itaúnas e algumas histórias inusitadas para contar - vou tentar descrever aqui mais tarde, o meu horizonte profissional parecia mais uma mar em calmaria: você vê longe, mas não tem nada...

Depois de 25 anos de estudo - ensino fundamental, médio, faculdade, pós-graduação, academia e certificação SAP*, inglês e otras cositas más, estar desempregado em uma cidade fechada como Vitória se tornou algo bastante indigesto, apesar dos longos quatro meses que tive para digerir isso. Algumas vagas apareceram, mas em geral cargos bastante técnicos, e como não estudei muito para me submeter ao salário de técnico pago por aqui - sem ofensas, a vida começou a não fazer tanto sentido. Você estuda, rala, se qualifica, se profissionaliza... para o que vale a pena para as "empresinhas" ser o salário mais baixo. E para completar, nem demitido fui, visto que a empresa não tinha dinheiro sequer para me demitir, mas após uma negociação com a empresa nos moldes "não muito o que agente espera que aconteça", em abril finalmente consegui pegar meu FGTS e entrar com o pedido do seguro desespero.

Pois bem, quando tudo parecia mal (e realmente estava), consegui realizar meu último sonho de consumo: comprei a minha moto Dragstar. Aliás, sonho nada, estava acima das minhas espectativas e, olhando pra trás e pensando bem, consegui tudo o que queria (e um pouco mais até) graças a tudo isso (e um pouco de sorte): meu calibra, meu AP e minha moto custom.

Não sou um consumista exacerbado (ou pelo menos tento não ser), não é questão de roupas caras, sapatos chiques ou outros bens não duráveis. São sonhos de infância ou adolescência que vão me acompanhar por muito tempo. São bens que usarei todo dia e que me trarão felicidade constante. Tá, comprei porquê quis, o dinheiro é meu e gasto como eu quiser, não vou levar pro túmulo mesmo... :P

Além disso, para minha felicidade, um ex funcionário da empresa me convidou para trabalhar na empresa dele (que ironia), onde poderei usar o conhecimento adquirido, além de ter um horizonte idealizado e bastantes desafios pela frete. Até a novidade de trabalhar de terno e gravata vou ter!

Com isso volto a falar o que dizia: trabalhe bastante, estude mais ainda e sonhe alto, se eu consegui, você também consegue. Uma hora você vai ser valorizado por isso e as coisas começarão a fazer sentido.

O único problema é que agora só sobrou casar e ter filhos...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Como me fudi no show dos Loser Manos

Para começar o blog vou colocar um texto do Adolar Gangorra, meio antigo mas ainda muito divertido. Mais do que uma simples crônica sobre um fato acontecido (aconteceu mesmo, apesar de o final ter um "quê" de exagero), o ponto que mais me chama atenção é o relatar da hipocrisia de muitos "fãs" dos Los Hermanos em que "o sucesso Anna Júlia faz parte de um passado da banda que não condiz com a realidade de hoje". Como assim? A banda grava uma música comercial para fazer sucesso e depois a abandona, já que já possui público, é isso mesmo?

Após o início da sua fase "nós somos Os pensadores", resolveram tocar Anna Júlia no Faustão (a pedido do apresentador mais sem noção da tv brasileira) e relataram emails de fãs repreendendo o fato. Se fosse assim, Metallica não deveria tocar mais "Seek And Destroy", Djavan deveria sobreviver sem "Flor de Liz" e faça de conta que a Ana Carolina nunca gravou "Quem de Nós Dois"?

Bom, sem mais delongas, vai o texto...

Como me fudi no show do Loser Manos 
por Adolar Gangorra

Voltei para o Brasil há pouco tempo. Saí do rio ainda adolescente para morar com minha família na Inglaterra. Agora estou de volta há uns três meses e estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato com umas garotas legais.

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá."Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido". Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um, mas na verdade era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. "Que bacana! Que politizada ela era!" E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava um beque da grossura de uma garrafa térmica. Pensei em dizer que estava precisando desesperadamente dar uma cagada, mas ela era tão gata que eu falei que sim.

Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez..."Aí, acho que ela me deu um certo mole..." Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o brioco para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!

Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil "Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me deram muita conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que nomes tão simples e idílicos: Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington. Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí... acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música:

- "De quem você é fã?" - perguntou.

- "Pô, eu me amarro no George..."

Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto:

- "Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!"

Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso é que é fã!

- "Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!" - ela emendou.

Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi...

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava.

- "Eu curtia aquela banda da Bahia...

- "Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!"

- "Não, Camisa de Vênus! 'Silvia! Piranha!'" cantei rindo.

A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar:

-"Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não funcionou... Aí, acho que dei um fora.

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles "promovem um resgate da boa música brasileira".

- "Tipo Os Raimundos com o forró?" - perguntei.

-"Claro que não!" - disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles. Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". "Ainda bem que tudo mudou, né?"

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!

Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá... Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda... Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda... "Cacete...! O que era mesmo?"

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela:

- "Eles são todo irmãos, né, tipo os Hanson?"

Ela disse um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo.

Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento "Dark", como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista "Dark" brasileiro... Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!

Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada:

- "Mas ele não é da banda!"

Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada...

Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento.

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos:

-"Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!"

Ouvi a seguinte resposta:

- "Coca-Cola? Isso é muito imperialista... Guaraná é que é brasileiro!"

Puxa, que pessoal politizado. Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home..." rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais é fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles... fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá:

- "Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!"

Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse:

- "Que Weezer o quê? O nome dessa música é "Cara Estranho".

Já vi que não gostou de novo. Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles... Só não consigo dizer qual.

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei:

-"Filha da putaaaaaaaaaa!"

Pra quê? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos. Pô, todo show alguém grita isso. É quase uma tradição até e é só uma piada. Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho... Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo:

-"Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!" - mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera.

O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do queixo. Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra coisa do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Janaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi:

- "Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência..."

Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda...

Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo:

- "...é esse mala aí sem camisa..."

Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho... E, afinal, o que significa "mala"?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-aríete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também. Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta!

- "Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?"

- "Que sinal?? Que sinal??" - respondi, assustado!

- "De buceta, palhaço!" - apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado.

- "Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?" - gritou o tal hipponga na minha cara.

Que viado, eu não tava fazendo nada. Parecia uma freira de colégio. Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas... (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo. A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso. "Bento", que nome mais ridículo... Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?

Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase:

-"Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?"

Aí foi demais! Eu me atrevo:

-"Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera 'do bem' que está aqui!"

Apesar de tudo, a banda é realmente excelente. O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv, tudo lindo e maravilhoso. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro!"? "Estamos realmente resgatando a nossa cultura!" Que exagero... "Ei, é só música pop! MÚSICA POP!

Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles. Ouvi em Londres. Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto:

- "TOCA ANA JULIA!"

Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o cacete...

Aí, sinceramente, ainda prefiro o show do Camisa de Vênus...