sábado, 3 de novembro de 2012

Escolhendo um bom vinho



Não sei porque as pessoas sempre me perguntam “qual vinho é bom?” ou “qual vinho eu escolho?” esperando que eu vá recomendar algo que mude a vida delas. Sinceramente, não sou enólogo, mas sim partidário da frase “a ignorância é a razão da felicidade” para assuntos relacionados ao vinho. Faço questão de manter meus conhecimentos ao mínimo possível apenas para tentar evitar resultados trágicos. Explicando melhor: em geral, uma coisa quanto mais preparada, mais elaborada, mais trabalhada e que agrade mais aos sentidos normalmente é mais cara. E com o vinho não seria diferente.

Você começa tomando vinhos de R$ 15,00 reais já reclamando do preço e então decide experimentar vinhos do dobro do preço e acha bem melhor. Daqui a pouco está gastando mais de cinquenta reais na garrafa e já reclama que aquele “Concha y Toro” de trinta reais não faz parte mais do seu gosto. Culpa da “Sociedade da Mesa” – devo fazer um post sobre isso em breve.

Entretanto, mesmo dizendo isso as pessoas continuam falando “seu ruim” quando não falo exatamente o que elas devem fazer, vou fazer uma série de posts com minhas dicas e experiências.

Escolhendo a uva


Em primeiro lugar é necessário entender que o vinho não é um copo de cerveja: é uma bebida mais fina, mais preparada e com mais “variáveis”. Dessa forma, antes de perguntar “qual vinho?” devemos perguntar “qual comida?”.

Dependendo da comida um tipo de uva vai se sair melhor que outra. Não adianta comer aquela carne vermelha com um Pinnot Noir que vai parecer suco de uva, da mesma forma comer um peixe grelhado com um Cabernet Suavignon você não vai nem sentir o gosto do peixe. Ok, milhares de “enólogos” vão atirar pedras em mim depois dessa frase, mas para quem se inicia na área seguir algumas dicas “padrões de mercado” ajuda. Na internet existem milhares de sites mostrando os melhores tipos e uva para determinados pratos e o rótulo do vinho sempre dá dicas interessantes.

Escolhidos o prato e os tipos de uvas que combinam com ele, chega a hora principal: escolher dentro daquelas possibilidades o seu gosto. Seja você uma pessoa que faz do vinho o prato principal ou um bom italiano que vai dizer “o melhor vinho é aquele que você bebe sem perceber”, amante do mais encorpado ou do mais leve, esse é o fator fundamental que vai determinar o melhor “achado”.

Agora, se você é do tipo que adora um vinho “bem docinho”, pode optar por suco de manga, Fanta Uva ou xarope de glicose que é mais a sua cara. Um bom vinho é obtido a partir de uvas viníferas, a fermentação de uvas diferentes disso geram os tais de “vinhos coloniais” ou “vinhos liquorosos”. Compre um bom suco de uva que valerá mais a pena.

Onde comprar?


Onde comprar talvez seja uma pergunta mais complicada de se responder do que propriamente qual vinho comprar.

Imagine o seguinte: o produtor planta a uva num período específico, em lugares específicos com climas específicos. A colheita é feita em período específico e todo o processamento é feito em recipientes específicos com ingredientes específicos e temperaturas específicas. Bem específico, certo? Mas, e o meio do caminho?

O atravessador coloca o vinho em um caminhão, que transporta pelo sol até o porto, que entra num container e fica às intempéries marítimas e que depois vai de novo ao sol até o supermercado onde é estocado de pé logo abaixo das luzes ricas em ultravioletas onde os emergentes clientes pegam a garrafa e sacodem para ver se faz bolinhas. Triste né?

Procure casas especializadas em vinhos que, por mais caro que possam cobrar – e muitas vezes não cobram, é melhor gastar R$ 30,00 em um “bom” vinho do que vinte em uma garrafa de vinagre. Na impossibilidade de partir para esse caminho, vá testando os supermercados até achar um que te traga o resultado esperado. Pegar os vinhos do fundo da prateleira nem sempre pode ser a melhor dica, uma vez que podem estar lá por meses – repare na quantidade de poeira, mas os da frente são os que capturam mais luminosidade e mais “contato humano”. Perguntar a um funcionário especializado quando chegaram os vinhos pode ser um bom começo.

Bom, chegou o momento de ficar cara a cara com as garrafas. E agora?


Bom, meu primeiro passo é identificar a sessão de vinhos brasileiros, para saber exatamente quais não comprar. O segundo passo é mentalizar a característica principal de cada país e qual o humor que estarei quando vou beber o vinho:


  • Chile: vinhos mais encorpados, com taninos bem pronunciados;
  • Argentina: vinhos encorpados mas não tão agressivos quanto os chilenos;
  • Portugal/Espanha/Itália: os dois primeiros são famosos pelas castas (tipos de uvas diferentes misturados) mas a Itália gera vinhos com mesmos resultados; vinhos mais elaborados e fáceis de beber;
  • África do sul: nunca tomei um vinho que considerasse bom, ou seja, mantenho distância.


Selecionada a uva a partir daquela pré-listagem feita, é hora de pagar e rezar para que dê certo. Se der certo, eu volto e compro mais uma garrafa do mesmo vinho alguns meses depois para ver se foi uma questão de remessa ou se aquele lugar realmente pode se tornar uma fonte confiável de compras.

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